terça-feira, 5 de abril de 2011

"Se o cavalo passar encilhado na minha frente, eu monto!"

Muita gente quer ser Gerente de Projetos (GP) hoje em dia, mas a maior parte das pessoas não sabe direito o que é isto ou o que realmente faz um GP. O espaço existe, devemos ter hoje algo da ordem de 30% a 50% (dependendo do setor da economia) dos recursos das empresas aplicados em projetos. Várias grandes empresas, como CSN e Vale, possuem hoje diretores responsáveis por projetos no nível de diretoria executiva. Diretores lá em cima, gerentes e equipes de projetos na base, todos tentando alcançar bons resultados mediante projetos bem sucedidos. O GP é sem dúvida um elo importante desta cadeia.

Tenho uma palestra onde falo sobre o papel e as necessidades de um GP na qual faço o seguinte teste: pergunto quem do público quer ser GP, primeiro no início da palestra, e depois no final. Invariavelmente o número de respostas no final é bem menor do que no início, pois a maior parte da audiência passa a entender um pouco melhor o que faz um GP e o que é preciso para se tornar um, e aí a coisa deixa de ser tão atraente...

Com o amadurecimento que tem chegado a diversos segmentos de negócio, hoje é possível buscar uma carreira em projetos em diferentes áreas: partindo da posição de GP temos possibilidades na especialização em uma das áreas de conhecimento do Guia PMBOK (como as badaladas Risco e Scheduling), para "cima" (Programas e Portfólios), como apoio (numa das várias funções que começam a surgir dentro dos PMOs) ou como técnico especialista (pessoalmente prefiro a expressão SMESubject Matter Expert, algo como especialista de domínio técnico). Sem estes profissionais um GP não consegue fazer nada, como aliás já comentei num post anterior, e não é nada raro muitos destes profissionais terem uma remuneração superior à do gerente de seu projeto.
O PMI enxergou isto muito bem, o que explica o lançamento de credenciais como PMI-SP, PMI-RMP, CAPM (que acredito que irá decolar de vez este ano!) e PgMP.

Levando tudo isto para a questão da nossa gestão de carreira: não é possível tomar decisões substantivas sobre nosso destino profissional com base APENAS no que o mercado valoriza hoje, é preciso ter visão global e avaliar nossos pontos fortes e fracos. Devemos enxergar nossa carreira como um longo programa composto de múltiplos projetos, sujeitos a sobreposição em alguns casos. Eu mesmo já passei por três ou quatro grandes transições profissionais na vida, e quando isto ocorre ficamos meio que entre dois papéis diferentes (a minha transição mais recente começou há pouco mais de um ano e ainda está acontecendo). Este nosso “programa de vida” deve possuir como fundamento algo que eu chamo de "PEP" ("Planejamento Estratégico Pessoal").

 Para quem quer entender um pouco mais sobre este assunto (gestão da própria carreira), recomendo dois livros:

"Plano de Carreira, Foco no Indivíduo", de Djalma Rebouças (aplicável a qualquer carreira)

"Coaching Prático: o Caminho para o Sucesso", de Paul Dinsmore e Monique Cosendey de Soares (mais focado nos conceitos de coaching aliados a uma visão de GP)

O importante mesmo para ter sucesso profissional é ser muito curioso e persistente, pois conhecimento não ocupa espaço e ajuda demais. Termino lembrando uma frase famosa no Rio Grande do Sul e atribuída a Getúlio Vargas:

"Se o cavalo passar encilhado na minha frente, eu monto."

Para conseguir ficar em cima do cavalo e galopar atrás dos nossos sonhos é preciso estar preparado, sempre!


E para quem se assustou com esta estória de PEP, que a primeira vista pode dar a impressão de pode tornar nossas vidas previsíveis e aborrecidas, reflita sobre esta frase do genial Chico Science:

 “Que eu me organizando posso desorganizar” (Chico Science, “Da Lama ao Caos”)



***** Ivo Michalick, 05 de abril de 2011, Belo Horizonte - BRASIL

5 comentários:

  1. Ivo,

    Gostei bastante do seu texto (post). Acho que até consigo escutar sua voz dizendo certos trechos. Vou aproveitar sua sugestão e comprar o livro do Djama. Depois, se quiser, te digo o que achei!

    Abs.

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  2. Alexandre,

    Valeu pelo comentário, valeu o meu dia :) E sim, me diz depois o que achou do livro do Djalma!

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  3. Ótimo post!
    Ainda mais vc finalizando com uma bela frase de nosso eterno Chico Science!

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  4. Pois é, eu acho que a perda do CS foi uma coisa terrível não só para a nossa música, mas para a nossa cultura em geral, o cara era realmente o tal "ponto fora da curva"...

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